O caso “Mateus Meira” e a proliferação de mitologias

Por Mário Tagara

Resumo
Ainda hoje, a chacina do shopping Morumbi, ocorrida em São Paulo, no dia 3 de novembro de
1999, é prontamente associada à influência de um filme – “O clube da luta” (1999), de David
Fincher. No imaginário do senso comum, de vários jornalistas, acadêmicos e intelectuais, o filme
foi o responsável direto pela atitude estremada do estudante de medicina, Mateus Meira, que, na
ocasião, acabou executando 3 pessoas e ferindo outras 5. O local em que o crime ocorreu, um
cinema localizado no referido shopping center, que exibia “O clube da luta”, filme repleto de
cenas de violência, corroborava a tese de culpabilidade do cinema e de suas “influências
nefastas”, e o site Observatório da imprensa é quem mais encampa a idéia. O presente artigo
tem por missão desfazer o equívoco presente nesse tipo de associação, bem como investigar as
suas raízes mitológicas .
Palavras-chave: mitologia, simulacro, violência, cinema, jornalismo..
1 Mestrando em Comunicação
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1.0 Introdução
No dia 3 de novembro de 1999, o estudante do sexto ano de medicina, Mateus Meira,
munido de uma submetralhadora 9 mm., atira contra os espectadores que assistiam à projeção
de um filme, dentro de um Shopping Center de São Paulo.
Meira chega a matar três pessoas e ferir outras cinco, até ser desarmado pelos outros
espectadores. Caso o cinema estivesse lotado – na sessão havia apenas 23 pessoas – e a
metralhadora disparasse mais rapidamente, a tragédia poderia ter sido pior.
Horas depois do incidente, a sociedade perplexa indagava os motivos que levaram um
estudante da classe média a proceder de tal maneira. Os distúrbios mentais do assassino, a
possibilidade dele estar drogado e a facilidade em conseguir armas, foram as explicações
preliminares. As primeiras declarações do assassino dizendo confundir as pessoas com alvos de
videogame, um bilhete achado pela polícia culpando toda a mídia pelo ocorrido, além de
afirmações alegando identificação com o protagonista do filme exibido naquele dia – “O Clube da
Luta”, do cineasta David Fincher -, mudam o enfoque de boa parte dos veículos jornalísticos.
Muitos chegam ao veredicto: ‘a cultura da violência’ envolvendo televisão, videogames e,
principalmente, o cinema e o filme “O Clube da Luta”, seria a responsável direta pela ação
criminosa do estudante de medicina. O site Observatório da Imprensa, entidade civil, não –
governamental, não-corporativa e não-partidária, que se autoproclama como sendo uma espécie
de Ombudsman de toda mídia jornalística, é quem mais encampa a idéia da culpabilidade do
cinema, um dia após a chacina.
O jornalista Alberto Dines, editor-responsável pelo site, lidera as acusações sem
demonstrar sequer ter assistido ao filme. Em seu artigo, que abre uma série de textos sobre o
assunto, Dines revela sua posição a partir do título: “Clube da Morte”. Seu texto tem nove blocos;
em sete deles, Dines faz menção direta ao filme, culpando-o categoricamente pelo ocorrido sem
cogitar qualquer outra hipótese.
Outro integrante do Observatório, o consultor editorial Mauro Malin, estende as acusações à
violência do cinema em geral e afirma que a sétima arte é o exemplo maior e deplorável de
violência midiática. Essa mesma violência teria chegado à televisão e aos noticiários em razão
dos filmes. A crítica de cinema, a norte-americana Pauline Kael, estaria certa, segundo Malin, de
ter alertado o mundo das “influências nefastas” de filmes “violentos e irresponsáveis”, como
“Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, em meados dos anos sessenta.
No dia 3 de junho de 2004, a justiça condena o ex-estudante de medicina a cento e vinte
anos e seis meses de reclusão. Os jurados rejeitam a tese de incapacidade mental do acusado. O
psiquiatra responsável pelo caso diz que Mateus Meira, apesar de sofrer de transtorno de
personalidade esquizóide, estava plenamente consciente do que fazia e não estava confundindo o
real com imaginário.
Outras investigações dão conta de que o ex-estudante exibia sinais de extrema
agressividade muitos anos antes da chacina e que premeditara o crime com sete anos de
antecedência, quando nem se cogitava a produção do filme “O Clube da Luta”. Antigos colegas
de classe afirmaram que Mateus sofria de Bullying no colegial. A defesa do estudante, nos
momentos finais do julgamento, sustentou a hipótese de que a principal razão do crime residia no
fato de Mateus ter um relacionamento extremamente conturbado com o pai.
Essas informações posteriores e uma série de outras dão conta que os jornalistas Alberto
Dines e Mauro Malin estavam completamente equivocados ao proclamarem o veredicto
categórico de que o cinema seria o responsável maior pelo crime cometido por Mateus. Esse
mesmo veredicto, com uma carga enorme de precipitação e pré -julgamento, não se restringiu
apenas aos jornalistas citados. Muitos outros colegas de profissão, articulistas, educadores e
psicólogos haviam afirmado a mesma coisa, seja na internet, nos telejornais e no jornalismo
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impresso. Num momento de comoção, perplexidade e clima de inquisição, foram poucos aqueles
que se atreveram a defender o filme e o cinema das acusações levantadas na época.
Nesse relato verídico, um emparelhamento singular se configura, reunindo dois veículos de
comunicação da chamada era industrial, cinema e a mídia jornalística. Esta última tenta acuar o
cinema, colocando-o no banco dos réus. Muitos aspectos saltam aos olhos, implicando reflexões
das mais profundas: teria o cinema sofrido o mais duro, e injusto, ataque desde a época da
ditadura militar em plena vigência da democracia em solo brasileiro? Por que isso aconteceu? Por
que grande parte da mídia jornalística e o site Observatório da Imprensa, em especial, erraram em
suas análises, incriminando precipitadamente o cinema?
Em abril de 2007, a história se repete: o estudante de origem sul-coreana, Cho- Seung-Hui,
é responsável por outra chacina na Universidade de Virginia Tech, nos Estados Unidos.
Professores dessa instituição, responsabilizada por negligência num primeiro momento, decidem
mudar o foco das atenções, ao elegerem o filme sul-coreano, “Oldboy”, de Chan Wook Park,
como a mais provável fonte de inspiração para a violência do estudante. O depoimento dos
professores pauta imediatamente uma parcela considerável dos veículos de comunicação, que
veiculam o “veredicto” dos professores, sem qualquer tipo de contestação.
Ainda hoje, a chacina do shopping Morumbi é prontamente associada à influência do filme,
“O clube da luta”, no imaginário do senso comum, no imaginário de muitos dos jornalistas,
acadêmicos e intelectuais. Essa constatação assustadora e inquietante torna plenamente
justificável a realização do presente artigo. Paralelamente, há de se perguntar as razões da mídia
jornalística sequer ter se preocupado em questionar a veracidade das declarações de Mateus
Meira e dos professores de Virginia Tech, que responsabilizaram o cinema pela ocorrência das
duas chacinas. Por que refutar tão prontamente – ou nem sequer levantar – a hipótese de
subterfúgio premeditado nessas declarações? No caso específico de Mateus, por que dar tanto
crédito às declarações de um assassino plenamente identificado, com razões de sobra para
encontrar um bode expiatório e, com isso, amenizar a própria responsabilidade?
1.1 As acusações do observatório da imprensa
As edições n.78 e n.79 do site Observatório da Imprensa, compreendidas no período de
5 de novembro até 20 de novembro de 1999, dão ampla repercussão ao caso “Mateus Meira”.
São cerca de 25 textos opinativos sobre o assunto – 21 deles previamente selecionados dentro
daquilo que foi a cobertura da mídia jornalística sobre o assunto, somados a outros quatro textos
produzidos por jornalistas ligados ao Observatório; sendo que 13 deles – incluem-se todos os
quatro textos do mesmo Observatório – culpam o cinema, o filme, “O clube da luta”, e a ‘cultura
da violência’ pela chacina no Shopping Center. Apenas um dos textos previamente selecionados
se propõe a defender o cinema – os demais apontam outras possíveis razões para o crime,
sobretudo, a facilidade em encontrar armas através de pessoas ligadas ao narcotráfico.
Questões como o estado mental do assassino, seu histórico pessoal e possíveis intenções
ocultas sequer foram levantadas nos textos selecionados pelo Observatório.
O jornalista Alberto Dines, principal nome do Observatório, já começa a ilustrar sua
posição no título do primeiro artigo, de sua autoria, que abre a discussão: “Clube da morte”,
trocadilho com “Clube da luta”. Seu texto tem nove blocos, em sete deles, Dines faz menção ao
filme, direta e indiretamente. Faço um resumo em tópicos das principais idéias:
1 – “Clube da luta” é um dos filmes mais violentos da safra dos filmes mais violentos.
2 – Foi inconseqüente a exibição do trailer do filme durante o horário nobre da televisão pela
Rede Globo.
3 – Meira começou a atirar minutos após ver uma cena idêntica no filme, segundo relato de
espectadores. (trata-se de um equívoco de Dines, pois não existe a tal cena).
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4 – A mídia pecou por não ter denunciado antes a carga violenta do filme.
5 – Havia um bilhete culpando a mídia – “Mídia, realidade, sociedade hipócrita”. (Dines mistura
mídia jornalística, mídia de entretenimento e mídia artística num único bloco).
6 – A violência de Mateus Meira é oriunda da violência exógena, ambiental, transmitida,
magnificada e introjetada pela mídia. (referência direta ao filme).
7 – 0 cenário é cúmplice da chacina – o cinema e o próprio filme.
8 – A declaração de Mateus tem fundamento e ilustra confusão entre imaginário e real – ele não
sabia o que estava fazendo e o filme estava diretamente ligado a toda confusão. “Uma das
poucas declarações do assassino antes de ser instruído pelo advogado está no Jornal da Tarde
(quinta-feira, pág. 12-A): ‘Eu não sabia se ia atirar na tela, nas paredes ou na platéia’. Reparem:
todas as opções do assassino estão relacionadas com o filme”. ( tal informação foi refutada
posteriormente pelo psiquiatra que acompanhou o caso)
9 – Os Jornais erraram em defender a tese do desequilíbrio mental. O clima e o ambiente em que
os assassinatos ocorreram foram erroneamente esquecidos.
10 – A ‘cultura da violência’ – leia-se filmes, novelas e música – é capaz de produzir uma
sociedade onde a brutalidade é banalizada.
Por fim, entre tantos outros textos que elegem o cinema como bode expiatório, o site
Observatório da Imprensa utiliza-se de um editorial publicado pelo Estado de São Paulo
(09/11/99), para reforçar solenemente a própria posição do veículo. Entre outras coisas, o
editorial afirma que: “É inegável que, nos dias atuais, a ‘cultura da violência’ onipresente no
repertorio da indústria do entretenimento de massa – centrada, por sua vez, na mídia eletrônica –
é a principal responsável pela proliferação de comportamentos anti-sociais extremados”.
1.2 – O caso Mateus Meira: por trás da cortina mitológica
Numa entrevista concedida à revista Veja, edição 1623, de 10/11/1999, o estudante de
medicina, Mateus Meira dá as seguintes declarações negando sequer ter assistido ao filme,
“Clube da luta”:
Veja: Por que você escolheu um cinema?
Meira: Para mim, tanto fazia. Poderia ser na Presidência da República ou na Câmara dos
Deputados. Mas nesses lugares tem detector de metal. No shopping, eu sabia que não tinha.
Veja: Você já tinha visto o filme?
Meira: Não.
Veja: Você estava planejando isso havia muito tempo?
Meira: Tenho esses pensamentos há sete anos.
Veja: Há alguma razão específica para esses pensamentos?
Meira: Eu escuto vozes. Elas me deixam louco. É como se tivesse uma câmara me filmando o
tempo todo. Naquele dia, escutei uma dessas vozes na platéia”.
A mãe do estudante, Alina da Costa Meira, numa entrevista concedida à revista Época,
edição 89, de 31/01/2000, dá detalhes históricos do comportamento agressivo de Mateus e das
constantes manifestações de problemas psiquiátricos, muito antes do filme “O clube da luta”
sequer ser cogitado a sair do papel. Nenhum dos 25 textos selecionados pelo Observatório da
Imprensa para ‘refletir’ sobre a chacina menciona a importância de se buscar tais informações e
‘refletir’ sobre elas.
Informações posteriores à avalanche de sensacionalismo de boa parte da mídia, durante
a cobertura da chacina no Shopping, dão conta de que Mateus Meira afirmou ter vários surtos
psicóticos muito antes de executar o crime. Já em 1993, “Meira teria ido a uma sala de cinema
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em Salvador, onde morava com a família, com um bisturi. Ele não tinha sido incluído na primeira
lista de aprovados no vestibular de medicina em São Paulo e, de acordo com a juíza, Maria
Cecília Leone. do 1º Tribunal do Júri, teria declarado na ocasião que ‘teve vontade de ferir e
matar’”. (Folha de São Paulo, maio de 2004). Vale lembrar que, em 1993, o filme “O clube da
luta” nem cogitava ser produzido.
Em outra ocasião, em 1995, Meira afirmara ter esmurrado o pai, quebrando-lhe três
costelas. Mateus Meira disse que teve um outro surto ao cortar o punho após nova briga com o
pai. O fato de trocar as fechaduras de seu apartamento em São Paulo; para evitar a entrada de
parentes, não foi explicado à juíza. O estudante afirmou ter se viciado em cocaína, três meses
antes do crime, mas disse que não consumiu a droga no dia derradeiro.
Outras reportagens dão conta que Mateus Meira já demonstrava desequilíbrios através
da Internet. O assassino do shopping era Spammer inveterado, o que motivou a criação do
movimento Anti-Spam brasileiro em 1997. Desmascarado, Meira passou a reagir violentamente
lançando campanhas difamatórias contra o movimento Anti-Spam.
“O psiquiatra, Jose Cássio do Nascimento Pitta, responsável pelo
acompanhamento do ex-estudante de medicina, desde o dia do crime,
enfraqueceu a tese de incapacidade mental, apregoada pela defesa. Disse
que Mateus Meira não apresentava sintomas de surto psicótico três horas
depois do crime. O psiquiatra falou com o ex-estudante na delegacia (…)
Pitta disse que Meira, na mesma ocasião, não mencionou ter sofrido delírios
ou alucinações antes de ter atirado com uma submetralhadora em direção à
platéia (…) Ele deu a Meira o mesmo diagnostico psiquiátrico relatado em um
laudo feito por peritos nomeados pela justiça, o de transtorno de
personalidade esquizóide, problema que não o impediria de ter consciência
de seus atos (…) Para a Promotoria, os depoimentos de Pitta e Belochi
reforçam a suspeita de que Meira não estava em surto psicótico e premeditou
o crime ” (Folha de São Paulo, 03/06/2004).
Diante do novo panorama, a defesa de Mateus tenta mostrar que problemas com o pai
fizeram o estudante de medicina cometer o crime. O advogado de Mateus, Benedito de Oliveira,
afirma que tem provas contundentes de que a família do assassino é bastante problemática.
Vale lembrar que o editorial do Estado de São Paulo do dia 9/11/99, ao culpar o filme, televisão e
os videogames pelo crime, afastou irresponsavelmente uma das hipóteses mais plausíveis: a
desestruturação familiar. Tanto é que este argumento foi acolhido depois pela própria defesa do
estudante, no dia derradeiro ao julgamento.
No mesmo dia, 3 de junho de 2004, Mateus Meira é condenado a 120 anos e seis meses
de reclusão por matar três pessoas, tentar matar outras quatro e colocar em risco outras tantas
em uma sala de cinema do Morumbi/Shopping. A tese de desvio mental foi refutada e Mateus foi
considerado pela juíza Maria Cecília Leone, como uma pessoa que agiu covardemente e por
livre-arbítrio, além de ter problemas para desenvolver afeto, com plena consciência de tudo que
faz.
Apenas com o choque natural dessas informações que esclarecem o caso “Mateus
Meira” pode-se ter uma idéia da dimensão dos equívocos e irresponsabilidades veiculados pelo
site Observatório da Imprensa. Tamanho grau de precipitação remete diretamente ao famoso
incidente ocorrido na Escola de Base. Em 1994, os donos da Escola de Base foram acusados
injustamente pela policia e – por tabela – pelos jornalistas de promover orgias com alunos
menores. Depois da absolvição dos acusados, imprensa, Estado e autoridades políciais foram
condenados a pagar indenização.
O caso é considerado como sendo um exemplo exato da aura extrema de falibilidade
que cerca tanto o meio policial como o meio jornalístico. Um erro de julgamento que pode ser
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ampliado ainda mais pela precipitação inquisidora dos ‘detratores’. Posteriormente, nas
faculdades de jornalismo, o ocorrido na Escola de Base, serviu como modelo ético do “como não
proceder”.
Ouvir declarações sem checar, dar importância à onda de “denuncismos” sem fazer
averiguação, sem escutar o ‘outro lado’; esses são dois dos erros crassos da unilateralidade a
ser evitada no meio jornalístico. Outro erro comum ao “foca” – jornalista iniciante – é não
desconfiar dos argumentos de um assassino ou criminoso confesso. Querer se livrar do peso da
responsabilidade, e encontrar um bode expiatório, são artimanhas facilmente identificáveis em
muitos desses criminosos.
Para um site que se diz fiscalizador dos veículos midiáticos, a conclusão do caso não
poderia ser pior. O Observatório da Imprensa cometeu todos os erros a que me referi. Na
concepção fantasiosa do site, Mateus Meira é um fantoche da mídia, dos filmes, da televisão, da
música, das drogas e das armas. O cidadão em carne e osso, Mateus Meira, com todo seu
complicado histórico, não existe para o site. A cultura midiática produz simulacros que agora
criam vida sozinhos e saem matando. “O assassino que saiu da tela”, foi o bordão/clichê mais
utilizado. A frase é do articulista e ex-cineasta, Arnaldo Jabor, que escreve para diversos
veículos de comunicação.
1.3 – O caso “Mateus Meira”: mitologia e simulacro
Interessante fazer a leitura do caso “Mateus Meira” sob a ótica de dois dos mais
interessantes conceitos que remetem à construção e desconstrução semiológica (e que
possuem relativa proximidade): a “mitologia” de Roland Barthes e o “simulacro” de Jean
Baudrillard. Farei isso sem o ativismo e a retórica marxista, que impregnam tanto os escritos de
Baudrillard como os do Barthes da década de 50, levando-os ao mesmo beco sem saída em que
se perderam a primeira geração da Escola de Frankfurt – leia-se Adorno e Horckheimer. Antes,
porém, faço uma pequena síntese dos dois modelos, apontando as semelhanças, nuances e
diferenças; tentando encontrar saídas para alguns dos impasses suscitados.
O conceito de mitologia de Roland Barthes é uma releitura de outros conceitos mais
antigos como o “fetichismo da mercadoria” (o modo de produção burguês agregando fantasia ao
valor de uso da mercadoria), a “ideologia” (instrumento de dominação que distorce e mascara a
realidade de modo a alienar as consciências humanas) e a questão da “autenticidade e
inautenticidade” (que em Heidegger, significa a emancipação do homem através da angústia
existencial ou sua queda dentro do abismo da superfície e da inconseqüência). Dentro desse
processo de releitura, Barthes se utiliza dos sistemas semio lógicos, o que vitaliza
consideravelmente o processo de desconstrução e desmontagem das relações sociais
simbólicas, através dos seus textos críticos.
Segundo Roland Barthes, o mito é uma fala roubada e restituída de maneira adulterada;
um sistema de comunicação ou mensagem despolitizada intencionalmente. Qualquer objeto ou
matéria é suscetível de apropriação e uso social e pode tornar-se mito. Toda unidade ou síntese
significativa, quer seja verbal ou visual, artigos de jornal, fotografias, etc, são falas. Tudo pode
servir de suporte para a fala mítica, cujo fundamento é histórico, mas essa mesma fala mítica é
formada, sobretudo, de uma matéria já trabalhada anteriormente, com significação.
O mito seria uma espécie de sistema semiológico segundo que se edifica sobre um
alicerce semiológico que existe antes dele; é sistema duplo que se caracteriza pela alternância e
ambigüidade. Esse sistema semiológico é um signo que funciona como significante no sistema
segundo, deslocando em um grau o sistema formal das primeiras significações. Assim, o mito é
formado por dois sistemas semiológicos, um deslocado em relação ao outro.
Todo o sentido (face cheia), o contexto e a riqueza anterior do significante do primeiro
sistema são esvaziados e tornam-se forma (face vazia) no plano do mito, que se disponibiliza a
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receber um outro significado. A forma, que é o significante no plano do mito, não suprime todo o
sentido anterior, subjuga-o, empobrece, afasta e desloca. É como uma entidade parasitária
segunda que vampiriza a primeira.
A forma do mito não seria um símbolo, pois o símbolo é uma convenção feita às claras. O
mito, na verdade seria um corruptor e colonizador de símbolos. No plano do significado, o mito
implanta uma história totalmente nova e contingente ao conceito, que se torna efêmero, instável,
porque histórico. O novo conceito deforma e aliena o sentido anterior. Enquanto o signo é
arbitrário e imotivado, a significação mítica é sempre motivada, antinatural, contendo parcela de
analogia; sistema ideológico puro e mecanismo de corrupção do ponto de vista ético. Assim, o
mito estaria diretamente ligado à criação de fatos e de fetiche.
No sistema segundo (mítico) a causalidade é artificial, falsa, mas introduz-se
sorrateiramente nos “furgões da natureza”. Por essa razão, o mito pode ser vivenciado como
uma fala inocente; não porque as suas intenções estejam ocultas – se estivessem ocultas não
poderiam ser eficazes -, mas porque estão naturalizadas – posteriormente, Barthes diz que é a
ideologia burguesa que se naturaliza.
Para o senso comum, o significante e o significado teriam, a seus olhos, relações naturais.
Todo o sistema semiológico é um sistema de valores; o consumidor do mito toma a significação
por um sistema de fatos; o mito é lido como um sistema factual, quando não é senão um sistema
semiológico. O mito naturaliza um conceito construído. Transforma a história em natureza. Tudo
se passa como se a imagem provocasse naturalmente o conceito, como se o significante
fundasse o significado: “o mito existe a partir do momento preciso em que a imperialidade
francesa passa ao estado de natureza: o mito é uma fala excessivamente justificada”. (Barthes,
1956, 199)
Barthes termina dizendo que só o mito atinge toda a coletividade, e só nos afastando
desta última, nos libertamos desse sistema semiológico segundo. Paralelamente, prega a
necessidade de uma conduta preventiva/sarcástica/paródica/profilática, a fim de se evitar a
submissão inconseqüentemente ao mito.
Para Baudrillard, no processo de construção do simulacro – outra espécie de sistema
semiológico -, o que está em jogo é a liquidação de todos os referenciais, a substituição do real
pelo duplo operatório, a morte do real e sua ressurreição artificial no sistema de signos.
Enquanto a representação é a equivalência do signo e do real, a simulação é o aniquilamento de
toda a referência. Dentro do simulacro, o signo nada mais representa, “é jogo puro, o grande
jogo”. Aqui já encontramos diversas distinções em relação ao pensamento de Roland Barthes;
este fala de um sistema semiológico segundo que não aniquila o primeiro, e, mais otimista, ainda
acredita na possibilidade de reconciliação do real e do homem.
O simulacro seria uma espécie de sobreposição de ideologias, uma falsa intenção de
“realidade” criada a partir de uma falsa representação/figuração de mundo, em que o real
objetivo perde-se de vista, sendo liquidado nas palavras de Baudrillard. Trata-se de um
distanciamento cada vez maior do objeto até passar sem ele. Esse falso real sem origem e sem
realidade é o Hiper-real, que é também a recorrência orbital dos modelos, o real sem origem
nem realidade.
Enquanto a ideologia é a representação falsa da realidade, o simulacro seria o
escamoteamento de que o real já não é mais o real. Se a ideologia é intencional, o simulacro é
puramente operacional, de movimento autônomo, como se ligado num piloto automático. Formas
e modelos passam a moldar fatos que já não tem trajetória própria. Nasceriam da intersecção
dos modelos: “um único fato pode ser engendrado por todos os modelos ao mesmo tempo”.
(Baudrillard, 1976, 26).
O “Imperialismo do simulacro” anexa outras culturas destruindo seu passado simbólico –
extermínio simbólico; paralelo com o pensamento de Theodor Adorno, em que a técnica passa
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por cima da individualidade, do drama individual e particular, da nuance. O fascínio pelo segredo
é trocado pelo fascínio do visível, do unilateral.
Dentro desse contexto, Baudrillard assim esquematiza as fases sucessivas da
imagem:a)representação:ela é reflexo de uma realidade profunda, b)má aparência: ela mascara
e deforma uma realidade profunda,c)fingimento/sortilégio: ela mascara a ausência de uma
realidade profunda, d)Simulação: ela não tem relação com qualquer realidade: ela é o seu
próprio simulacro.
Pegando carona com o livro “Apocalípticos e Integrados”, de Umberto Eco, acrescento às
análises críticas de Barthes e Baudrillard a necessidade de se colocar o pensamento crítico
como um todo no mesmo patamar do homem comum, no que se refere ao potencial
voluntário/involuntário de sucumbir às mitologias e simulacros, e também o de construí-los.Ora,
Umberto Eco já dissertou sobre o quão improdutivo é a disseminação de sentimentos
apocalípticos e conceitos-fetiches, através de críticos de uma visão mais elitista, preconceituosa
e conservadora – o que contribui para a proliferação de mitologias dentro de pensamentos
pretensamente críticos/emancipados.
O mesmo pode-se dizer de um certo ativismo ideológico datado que contamina
historicamente todos aqueles que se dizem críticos e imunes aos condicionamentos. Isso inclui
Barthes, Baudrillard, e quem quer que seja, pois ninguém é isento o bastante para escapar de
erros. Assim, o próprio Baudrillard sucumbe aos impasses-fetiche que ele mesmo suscita, ao
não acreditar em nenhuma possibilidade de emancipação crítica em terreno burguês – e isso
inclui todos os meios de comunicação da época. Ora, o que Baudrillard quer dizer quando prega
que o real morreu, exterminado pelo simulacro e que não pode ser mais encontrado, é na
verdade a sua própria passividade em não tentar agregar sentido dialético e histórico ao “campo
de batalha social” contemporâneo. É saudosismo de um real utópico e ideal que, na prática,
nunca existiu e que só pode existir no papel A busca de um real inatingível vai sempre envolver
construções sígnicas/simbólicas, num processo sempre aberto e dialético.
Em seu livro, “Kaspar Hauser ou A fabricação da Realidade”, Izidoro Blikstein argumenta
que mesmo a experiência perceptiva já é um processo não-verbal de cognição, de construção e
ordenação do universo. A existência de uma práxis social/cultural e um sistema de crenças
condicionadas pode determinar a percepção e o sentido, e isso sempre existiu na história da
humanidade.
“Na verdade, o que julgamos ser a realidade não passa de um produto da
nossa percepção cultural. Percebemos os objetos que as nossas práticas
culturais já definiram previamente, em outras palavras, a realidade já foi
fabricada por toda uma rede de estereótipos culturais, que condicionam a
percepção. Tais estereótipos, por sua vez, são garantidos e reforçados pela
linguagem. O processo do conhecimento é regulado, então, por uma
contínua interação de práticas culturais, percepção e linguagem” (Blikstein,
1985, 2)
Ora, a própria desconstrução sugerida nos textos de Baudrillard é uma forma de ação
dialética e criativa, na medida em que desarranja a práxis e os corredores isotópicos,
desmontando os estereótipos perceptuais. Se as coisas se tornam obscuras, nada como lutar
para que elas clareiem, para que as relações invisíveis se tornem visíveis. Nesse sentido, de me
aproveitar dos achados mais pertinentes contidos nas análises de Barthes e Baudrillard, sobre a
mitologia e o simulacro, nesse importante movimento de desconstrução semiológica, retrocedo
novamente ao caso da chacina no Shopping Morumbi.
Há de se tentar responder agora a pergunta contida no primeiro bloco desse artigo: No
caso específico de Mateus, por que dar tanto crédito às declarações de um assassino
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plenamente identificado, com razões de sobra para encontrar um bode expiatório e, com isso,
amenizar a própria culpa?
“De fato, o que permite ao leitor consumir o mito inocentemente é que não vê
nele um sistema semiológico, mas um sistema indutivo: onde não há mais do
que uma equivalência, ele vê uma espécie de processo causal: o significante
e o significado têm, a seus olhos, relações naturais. Pode exprimir-se esta
confusão de outro modo: todo o sistema semiológico é um sistema de
valores; ora, o consumidor do mito toma a significação por um sistema de
fatos: o mito é lido como um sistema factual, quando não é senão um sistema
semiológico (Barthes, 1957)”.
Barthes fala numa motivação oculta e consciente a orquestrar/tecer o mito. Havia uma
motivação em Mateus Meira ao forjar o próprio álibi, ao construir o mito e o simulacro que
aliviaria o peso da responsabilidade solitária do crime. Essa motivação do estudante encontrou
respaldo e solo fértil na proliferação de uma mesma espécie de mitologia, involuntária, por sua
vez, fundamentada na cabeça de muitos jornalistas, psicólogos e críticos culturais, graças a um
outro ativismo ideológico datado: leia-se a crença dos mesmos na idéia de receptor passivo, da
“massa” totalmente vulnerável e reprodutora sistemática do conteúdo veiculado pela “Indústria
Cultural” – no caso, os filmes -, do desconhecimento das novas linguagens propostas pelos
mass-media, particularmente o cinema.
Se a disciplina “Comunicação”, como o cinema, é algo ainda muito recente, é natural que o
conhecimento aprofundado de seus paradigmas não tenha alcançado boa parte da nossa
“inteligentsia”. Tamanho vácuo deu respaldo ao álibi forjado de Mateus Meira. E não é a toa
que muitos desses jornalistas, psicólogos e críticos culturais não apenas deixaram de indagar a
veracidade da afirmação do assassino como ajudaram a corroborar a tese do mesmo, alargando
ainda mais o universo das mitologias involuntárias em torno do tema, sustentando o simulacro
arquitetado por Mateus. O mito representado premeditadamente por Mateus Meira
fundamentava o mito latente e involuntário daqueles profissionais citados, pautado no
ressentimento elitista, a ignorância e o preconceito acumulados contra as novas mídias, em
particular o cinema.
O histórico pessoal de Mateus Meira saia quase que totalmente do foco. Dentro da
construção voluntária ou não da mitologia não há interesse no histórico pessoal, nas nuances.
Tudo é esvaziado de modo a dar consistência a um sistema semiológico segundo, o mito. Já nos
dizeres de Baudrillard, entrava em cena um simulacro e o extermínio do real? Pois o que fez o
estudante de medicina foi lançar também um simulacro que encontrou terreno fértil num
ambiente de mitologias e bodes expiatórios, que fez jorrar outras tantas mitologias e a tentação
de fazer seguir adiante a proposta desse mesmo simulacro, como de fato ocorreu. Não significa
dizer que o histórico pessoal de Mateus Meira tenha se perdido de vista, na verdade, não havia
interesse algum em procurá-lo. Eram apenas “detalhes” dentro de veredictos e construções
mitológicas já deflagrados previamente.
Podemos indagar a razão do estudante de medicina não acusar a literatura, que também
veicula conteúdo violento; a razão dos professores de Virgínia Tech não mencionarem o teatro,
uma das atividades de Cho Seung-hui – o estudante escrevera algumas peças de conteúdo
extremamente violento-; ou mesmo de se colocar a própria mídia jornalística no banco dos réus
pelo mesmo motivo. Talvez, muito em virtude do cinema ser um bode expiatório mais
contingente e apropriado nas duas ocasiões..
O jornalista Alberto Dines não estava interessado em analisar a linguagem do filme,
fazer análise sociológica, antropológica, culturológica, estruturalista, psicológica ou semiótica.
Nem em exercitar uma análise de conteúdo para identificar o que “O clube da Luta” estava
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querendo dizer. Para ele , bastava se tratar de um filme com cenas violentas. Tratava-se também
de escolher unicamente a Teoria Hipodérmica de cunho behaviorista e o jornalismo de superfície
e sem contextualização, para pincelar noções unilaterais sobre um filme e o cinema, negando
décadas de pesquisas e teorias na área da comunicação.
Se Dines estivesse se utilizando dos parâmetros da já defasada teoria da informação,
proposta por Shannon e Weaver (1949), poderíamos dizer que ele – Dines – reduziu tudo a uma
mensagem (de violência), transmitida por um emissor (criadores do filme), para um destinatário
(receptor, no caso, o estudante Mateus Meira), através de um canal/veiculo (cinema) e
utilizando-se de um código (mimese cinematográfica).
Na verdade, por ser uma arte, o cinema utilizaria das funções emotiva (expressão direta
das emoções do emissor), poética (efeito estético da linguagem) e metalingüística (elaboração
de um discurso e de uma linguagem), mas a análise de Alberto Dines, que limita o estudo das
estruturas lingüísticas e se restringe à relação mecânica de causa e efeito, leva a distorção do
entendimento dessas funções e a relação de cada uma delas com o cinema.
Dines, nunca se atendo aos demais conteúdos da obra, ignorados completamente, quer
fazer crer que “Clube de luta” passaria a mensagem exclusiva da violência,. O filme se utilizaria
da função referencial (que faz referência ao contexto, no caso a “cultura da violência”) e da
função conativa ou apelativa, que estaria mobilizando a atenção do receptor, plantando-lhe
indiretamente – como uma propaganda disfarçada e inconsciente -, as sementes da violência
real, dentro da platéia também real. O fato de Mateus Meira chegar às vias de fato, denotaria
toda a eficiência fragmentada desse sinistro processo comunicativo. Um equívoco de
pensamento e um enorme reducionismo epistemológico.
A violência real vem sendo ilustrada com ênfase constante por parte da mídia jornalística.
Muitos setores da sociedade dão mostras de reações impulsivas e pragmáticas frente à questão.
Ao invés de se encarar o problema da violência com a cautela e profundidade necessárias, a
precipitação e o apelo aos paliativos e bodes expiatórios acabam ganhando relevância. Nesse
sentido, a violência ficcional contida na arte e no entretenimento, e especialmente no cinema, é
colocada no banco dos réus, numa tentativa de exorcismo da violência real no plano do
imaginário.
Tal discussão divide os mass-media. Jornais, revistas, televisão e os noticiários em geral se
defendem da acusação de sensacionalismo, espetacularização e banalização dos acontecimentos
reais de violência e passam a atacar a outra metade dos mass-media, mais voltada à
ficção/entretenimento:: cinema, desenho, vídeo-game, RPG, quadrinhos e a música seriam os
verdadeiros culpados pela efetivação da “cultura de violência”, com reflexos decisivos no mundo
real.
Parte do legado da Teoria da Indústria Cultural, de Adorno e Horkheimer, leia-se
preconceito aristocrático, serve de matéria prima para os críticos neo-apocalípticos da atualidade,
que também se utilizam de outras heranças dos primeiros frankfurtianos: a aproximação datada
com a Teoria Hipodérmica, de cunho behaviorista, e a crença sistemática no receptor passivo. O
círculo de equívocos, confusão e mitologias, no sentido barthesiano do termo, se fecha, quando
esses pseudodiscípulos da Teoria da Indústria Cultural passam a atacar a violência de filmes com
raízes na contracultura como “O homem que copiava”, de Jorge Furtado, “O Bandido da Luz
Vermelha”, de Rogério Sganzerla, “Deus e o Diabo na terra do Sol”, de Glauber Rocha, “Crash,
estranhos prazeres”, de David Cronemberg, “Mulheres Diabólicas”, de Claude Chabrol, “Cidade
de Deus”, de Fernando Meirelles e “O Clube da luta”, de David Fincher, exemplos mais recentes,
além do eterno “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, sem lembrarem do estreito vínculo
existente entre a Teoria Crítica e essa mesma contracultura.
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Referências bibliográficas
ARBEX, José. Mundo Pós-moderno. São Paulo: Scipione. 2001
BARTHES, Roland. Mitologias. Lisboa:Setenta, 1957.
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’Água, 1991.
ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. São Paulo: Perspectiva, 1993.
GLASSNER, Barry. A cultura do medo. São Paulo:W.11 Editors Ltd, 2003.
MORIN, Edgar. Cultura de Massas no século XX: Neurose. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1997.
__. Cultura de Massas no século XX: Necrose. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1986.
SANTAELA, Lúcia. Equívocos do elitismo. São Paulo: Cortez, 1982.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: ed. Presença, 1995.

Instinto Assassino: Massacre Escolar (Dublado) Documentário Completo Discovery Channel

Sinopse: Em 28 de setembro de 2004, Rafael Solich Junior, de 15 anos, disparou contra seus colegas de classe, em Carmen de Patagones (ARG), deixando três mortos e cinco feridos. O caso foi comparado ao massacre na escola Columbine, nos Estados Unidos. Federico Ponce, Evangelina Miranda e Sandra Núñez morreram no ato. Nicolás Leonardi, Verónica Casasolo, Rodrigo Torres, Pablo Saldía e Natalia Salomón foram acertados por balas e sobreviveram. Atualmente Rafael permanece internado em um hospital psiquiátrico, em La Plata, Argentina.

Massacre no cinema em Aurora, Colorado, EUA – 2012

Atirador coreano na Universidade Virgínia Tech – EUA, 2007

Um dos maiores massacres em estabelecimentos de ensino no EUA. A reportagem ainda traz outros massacres, inclusive aquele causado pelo brasileiro Mateus da Costa Meira num cinema em São Paulo em 1999.

100 Frases da Psicologia que você deve conhecer

 

1) Frases e Pensamentos de Sigmund Freud

“Quando a dor de não estar vivendo for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda” (Freud)

“Aonde estava o Id (Isso) deve advir o Eu (ego) – Em alemão – Wo Es war, soll Ich werden”. 

“Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons” (Freud)

“Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, sem querer” (Freud)

“Em última análise, precisamos amar para não adoecer” (Freud)

“O sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou recalcado)” (Freud)

“As neuroses são determinadas pela história de amor do indivíduo” (Freud)

“A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas” (Freud)

“Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense em uma forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente” (Freud)

“A psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor” (Freud)

“O pensamento é o ensaio da ação” (Freud)

“Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio” (Freud)

“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste” (Freud)

“A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz” (Freud)

“A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana” (Freud)

2) Frases e Pensamentos de C. G. Jung

“Conheça todas as teorias,domine todas as técnicas,mas ao tocar uma alma humana,seja apenas outra alma humana” (C.G. Jung)

“Aquele que olha para fora sonha. Mas o que olha para dentro acorda” (C.G. Jung)

“O que não enfrentamos em nós mesmos, encontraremos como destino” (C.G. Jung)

“Tudo que nos irrita nos outros pode levar-nos a uma melhor compreensão de nós mesmos” (C.G. Jung)

“O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer” (C. G. Jung)

“Do mesmo modo que aquele que fere ao outro fere a si próprio, aquele que cura, cura a si mesmo” (C. G. Jung)

“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos.” (C. G. Jung)

“Mais cedo ou mais tarde tudo se transforma no seu contrário” (C.G. Jung)

“O principal objetivo da Terapia Psicológica não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece no equilíbrio entre a alegria e a dor. Quem não se arrisca para além da realidade jamais encontrará a verdade” (C. G. Jung)

“Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos” (C. G. Jung)

“Uma neurose é sinal de acúmulo de energia no inconsciente, ao ponto de ser uma carga capaz de explodir” (C. G. Jung)

“Há coisas que ainda não são verdadeiras, que, talvez, não tenham o direito de ser verdadeiras, mas que poderão ser amanhã” (C. G. Jung)

“O melhor trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar nossas sombras nos outros” (C. G. Jung)

“Conhecer a sua própria escuridão é o melhor método para lidar com a escuridão dos outros” (C. G. Jung)

“Tudo vem de muito longe e tudo aponta para o futuro, de coisa alguma podendo afirmar-se com segurança se é somente o fim ou se já é princípio” (C. G. Jung)

“O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera. Elas se mudam para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá sua casa sem que ele perceba” (C.G. Jung)

“Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais admirável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?” (C.G. Jung)

“Tuas ideias estão tão fora de teu si-mesmo quanto as árvores e os animais estão fora de teu corpo” (C.G. Jung)

“Como a experiência mostra, a psique objetiva é autônoma em alto grau. Se assim não fosse, não poderia exercer a sua função própria, que é a compensação da consciência. A consciência é passível de ser domesticada como um papagaio, mas isto não se dá com o inconsciente. Por isso Santo Agostinho agradeceu a Deus por não tê-lo responsabilizado por seus sonhos” (C.G. Jung)

“Assim como tendes parte na natureza multiforme do mundo através de vosso corpo, assim tendes parte na natureza multiforme do mundo interior através de vossa alma. Este mundo interior é realmente infinito e em nada mais pobre do que o exterior. O ser humano vive em dois mundos. Um demente vive aqui ou lá, mas nunca aqui e lá” (C.G. Jung)

“…a pessoa é masculina e feminina, não é só homem ou só mulher. De tua alma não sabes dizer de que gênero ela é. Mas se prestares bem atenção, verás que o homem mais masculino tem alma feminina, e que a mulher mais feminina tem alma masculina. Quanto mais homem és, tanto mais afastado de ti o que a mulher realmente é, pois o feminino em ti mesmo te é estranho e desprezível” (C.G. Jung)

“O conhecimento da verdade é a intenção mais elevada da ciência e considera-se mais uma fatalidade do que intenção se, na procura da luz,provocar algum perigo ou ameaça. Não é que o homem de hoje seja mais capaz de cometer maldades do que os antigos ou os primitivo. A diferença reside apenas no fato de hoje ele possuir em suas mãos meios incomparavelmente mais poderosos para afirmar a sua maldade. Embora sua consciência se tenha ampliado e diferenciado, sua qualidade moral ficou para trás, não acompanhando o passo. Esse é o grande problema com que nos defrontamos. Somente a razão não chega mais a ser suficiente!” (C. G. Jung)

“O terapeuta também está em análise, tanto como o paciente…razão porque também está exposto às influências transformadoras. Na medida em que o terapeuta se fecha à esta influência, ele também perde sua influência sobre o paciente” (C. G. Jung)

“Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Se uma inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-la. Além do mais, ela está constantemente em contato com outros interesses, de modo que está continuamente sujeita a modificações. Porém, se é reprimida e isolada da consciência, jamais é corrigida, e pode irromper subitamente em um momento de inconsciência. De qualquer modo, forma um obstáculo inconsciente, impedindo nossos mais bem-intencionado propósitos” (C. G. Jung)

3) Frases e Pensamentos de Jacques Lacan

“O  inconsciente é estruturado como uma linguagem” (Lacan)

“Penso onde não sou; portanto, sou onde não me penso” (Lacan)

“Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer” (Lacan)

“Só há amor por um nome” (Lacan)

“A verdade só pode ser dita nas malhas da ficção” (Lacan)

“Todo amor é recíproco, mesmo quando não é correspondido” (Lacan). Jacques Allain Miller foi um dois maiores comentadores de Lacan. Sobre a frase ele diz: “Repete-se esta frase sem compreendê-la ou compreendendo- a mal. Ela não quer dizer que é suficiente amar alguém para que ele vos ame. Isso seria absurdo. Quer dizer: ‘Se eu te amo é que tu és amável. Sou eu que amo, mas tu, tu também estás envolvido, porque há em ti alguma coisa que me faz te amar. É recíproco porque existe um vai-e-vem: o amor que tenho por ti é efeito do retorno da causa do amor que tu és para mim. Portanto, tu não estás aí à toa. Meu amor por ti não é só assunto meu, mas teu também. Meu amor diz alguma coisa de ti que talvez tu mesmo não conheças’. Isso não assegura, de forma alguma, que ao amor de um responderá o amor do outro: isso, quando isso se produz, é sempre da ordem do milagre, não é calculável por antecipação”

“O desejo enquanto real não é da ordem da palavra e sim do ato” (Lacan)

“Você pode saber o que disse, mas nunca o que outro escutou” (Lacan)

“O sintoma é a inscrição do simbólico no real” (Lacan)

“O sintoma define o modo como cada um goza do inconsciente, na medida que o inconsciente o determina” (Lacan)

“O sintoma, é o significante de um significado recalcado da consciência do sujeito. […] é uma fala em plena atividade, pois inclui o discurso do outro no segredo de seu código”  (Lacan)

“Só há inconsciente no ser falante. […] O inconsciente, isso fala” (Lacan)

“Existe algo de inconsciente, ou seja algo da linguagem que escapa ao sujeito em sua estrutura e seus efeitos e que há sempre no nível da linguagem alguma coisa que está além da consciência. É aí que pode se situar a função do desejo” (Lacan)

4) Frases e Pensamentos de B. F. Skinner

“Ciência é a disposição para aceitar fatos, mesmo quando eles se opõe aos desejos” (Skinner)

“Os principais problemas enfrentados hoje pelo do mundo só poderão ser resolvidos se melhorarmos nossa compreensão do comportamento humano” (Skinner)

“Ensinar é simplesmente o arranjo de contingências de reforçamento” (Skinner)

“O que é o Amor se não outro nome para reforçamento positivo?” (Skinner)

‎”Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna. Experimente” (Skinner)

“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no, e são modificados pelas consequências de suas ações. Certos processos, e que o organismo humano compartilha com outras espécies alteram o comportamento de tal forma que ele obtém um intercâmbio mais seguro e mais útil com um ambiente particular. Quando o comportamento apropriado tem sido estabelecido, suas consequências trabalham por meio de processos similares, aumentando sua força. Se por acaso o ambiente se modifica, velhas formas de comportamento desaparecem, enquanto novas consequências constroem novas formas” (Skinner)

“O auto-conhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma, por meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento” (Skinner)

“Analisar cientificamente a cultura permite-nos não apenas entender o seu efeito, permite também alterar o planejamento cultural” (Skinner)

“O importante sobre a uma cultura, assim definida, é que ela evolui. Uma prática surge como uma mutação, afeta as probabilidades de o grupo vir a solucionar seus problemas; e, se o grupo sobreviver, a prática sobreviverá com ele”  (Skinner)

“Poderíamos solucionar muitos dos problemas de delinquência e criminalidade, se pudéssemos mudar o meio em que foram criados os transgressores” (Skinner)

“Um ambiente físico e cultural diferente fará um homem diferente e mais consciente” (Skinner)

“A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido (Skinner)

“Os homens são felizes em um meio ambiente no qual o comportamento ativo, produtivo, e criativo é reforçado de forma efetiva” (Skinner)

“Seja inato ou adquirido, o comportamento é selecionado por suas consequências” (Skinner)

“O condicionamento operante modela o comportamento como o escultor modela a argila” (Skinner)

“Quando nosso comportamento é reforçado positivamente, nós dizemos que gostamos do que estamos fazendo; dizemos que estamos felizes” (Skinner)

5) Frases e Pensamentos de Carl Rogers

“Não podemos mudar, não podemos nos afastar do que somos, enquanto não aceitarmos profundamente o que somos” (Carl Rogers)

“A vida, no que tem de melhor, é um processo que flui, que se altera e onde nada está paralisado” (Carl Rogers)

“Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele” Carl Rogers

“Todo individuo existe num mundo de experiências em constante mutação, do qual ele é o centro” (Carl Rogers)

”A única coisa que se aprende e realmente faz diferença no comportamento da pessoa que aprende, é a descoberta de si mesma” (Carl Rogers)

“Minha confiança é no processo pelo qual a verdade é descoberta, alcançada e aproximada. Não é uma confiança na verdade já conhecida e formulada” (Carl Rogers)

“Um dos princípios fundamentais que levei muito tempo para reconhecer e que ainda continuo a aprofundar é a descoberta de que, quando sinto que uma atividade é boa e que vale a pena prossegui-la, devo prossegui-la. Em outras palavras, aprendi que a minha apreciação “organísmica” total de uma situação é mais digna de confiança do que o meu intelecto. Durante toda a minha vida profissional fui levado a seguir direções que pareciam ridículas aos outros e sobre as quais eu mesmo tinha muitas dúvidas. Mas nunca lamentei seguir as direções que eu “sentia serem boas”, mesmo se freqüentemente experimentasse por algum tempo uma sensação de isolamento ou de ridículo” (Carl Rogers)

“Sob a perspectiva da politica, poder e controle, a terapia centrada-na-pessoa baseia-se em uma premissa que a princípio pareceu arriscada e incerta: uma visão do homem como sendo, em essência, um organismo digno de confiança” (Carl Rogers)

“Estarei vivendo de uma maneira que é profundamente satisfatória para mim e que me expressa verdadeiramente?” Esta talvez seja a pergunta mais importante para o indivíduo criativo. (Carl Rogers)

“Abaixo do nível da situação-problema sobre a qual o indivíduo está se queixando atrás do problema com os estudos, ou esposa, ou patrão, ou com seu próprio comportamento incontrolável ou bizarro, ou com seus sentimentos assustadores, se encontra uma busca central. Parece-me que no fundo cada pessoa está perguntando: “Quem sou eu, realmente? Como posso entrar em contato com este eu real, subjacente a todo o meu comportamento superficial? Como posso me tomar eu mesmo?” (Carl Rogers)

“O ‘conhecimento’, tal como estamos habituados a concebê-lo, pode ser ensinado de uma pessoa para outra desde que ambas tenham motivação e capacidade adequadas. A aprendizagem significativa que ocorre na terapia, porém, ninguém pode ensiná-la seja a quem for. O ensino destruiria a aprendizagem. Eu poderia ensinar a um cliente que, para ele, é seguro ser ele próprio, que realizar livremente seus sentimentos não é perigoso, etc. Quanto mais lhe ensinasse isto, menos ele aprenderia de uma forma significativa, experiencial e auto-apropriante” (Carl Rogers)

“No âmbito psicológico, qualquer explicação do tipo estimulo-resposta simples para o comportamento parece quase impossível. Uma jovem mulher fala durante uma hora sobre seu antagonismo com a mãe. Ela descobre, depois disso, que uma condição asmática persistente, que nem sequer havia mencionado para o orientador, teve uma grande melhora. Por outro lado, um homem que sente sua segurança no trabalho seriamente ameaçada desenvolve úlcera. É extremamente complicado tentar explicar esses fenômenos com base numa cadeia atomística de eventos. O fato evidente a ser levado em conta, a nível teórico, é que o organismo, em todos os momentos, é um sistema organizado total, no qual a alteração de uma das partes pode produzir modificações em qualquer outra” (Carl Rogers)

“Quando percebem que foram profundamente ouvidas, as pessoas quase sempre ficam com os olhos marejados. Acho que na verdade trata-se de chorar de alegria. É como se estivessem dizendo: “Graças a Deus, alguém me ouviu. Há alguém que sabe o que significa estar na minha própria pele” (Carl Rogers)

“O que estivemos fazendo durante a maior parte do tempo em psicologia pode ser equiparado aos primeiros estudos de sociedades primitivas. O observador relatava que esses povos primitivos comiam várias comidas ridículas, realizavam cerimônias fantásticas e sem sentido e comportavam-se de uma maneira que combinava virtude e depravação. O que ele não via era que estava observando a partir de sua própria estrutura de referência e colocando seus próprios valores nos modos de comportamento deles. Fazemos a mesma coisa em psicologia quando falamos em “comportamento de tentativa e erro”, “delírios”, “comportamento anormal” e assim por diante. Não percebemos que estamos avaliando a pessoa a partir da nossa estrutura de referência, ou de alguma outra razoavelmente generalizada, mas que a única maneira significativa de compreender seu comportamento é compreendê-lo da forma como a pessoa o percebe, assim como a única maneira de compreender uma outra cultura é assumir a estrutura de referência dessa cultura” (Carl Rogers)

“Na realidade, é a pessoa que nega os seus sentimentos e as suas reações que procura tratamento. Essa pessoa tentou durante muitos anos modificar-se, mas encontrou-se fixada em comportamentos que lhe desagradam. Foi apenas ao tornar-se mais o que é, que pôde ser mais o que em si mesma negara e encarar assim qualquer mudança” (Carl Rogers)

“O melhor ângulo para a compreensão do comportamento humano é a partir do quadro de referências internas da própria pessoa. Quando isto é feito, os comportamentos estranhos e sem sentido são vistos como sendo parte de uma atividade significativa e dirigida para um objetivo” (Carl Rogers)

6) Frases e Pensamentos de Abraham Maslow

“O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma” (Abraham Maslow)

“Podemos escolher recuar em direção à segurança ou avançar em direção ao crescimento. A opção pelo crescimento tem que ser feita repetidas vezes. E o medo tem que ser superado a cada momento.” (Abraham Maslow)

“O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou.”  (Abraham Maslow)

“Para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego” (Abraham Maslow)

“O estudo da motivação deve ser, em parte, o estudo dos propósitos, desejos ou necessidades do passado humano” (Abraham Maslow)

“Eu queria provar que os seres humanos são capazes de algo maior do que guerras, o preconceito e o ódio. Eu queria fazer ciência considerar todos os problemas que os cientistas não conseguiram: a religião, a poesia, valores, filosofia, arte. Eu continuei com eles tentando entender as pessoas grandes, os melhores exemplares da humanidade que pude encontrar” (Abraham Maslow)

“Se examinarmos os desejos que, em média, temos na vida cotidiana, descobriram que uma característica importante: elas geralmente são um meio para um fim e não fins em si mesmos” (Abraham Maslow)

“Na realidade, as pessoas self-made, que atingiram um elevado nível de saúde, maturidade e auto-realização, têm muito a nos ensinar que, por vezes quase parecem pertencer a uma espécie diferente dos seres humanos” (Abraham Maslow)

7) Frases e Pensamentos de Jean Piaget

“A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano” (Jean Piaget)

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe” (Jean Piaget)

“Os psicólogos interessam-se sobretudo por saber em que ocasiões há, ou não, tomada de consciência, mas negligenciam demasiadamente a outra questão, que lhe é complementar e consiste em estabelecer ‘como’ ela se processa” (Jean Piaget)

“Os fenômenos humanos são biológicos em suas raízes, sociais em seus fins e mentais em seus meios” (Jean Piaget)

“Nasceu gente é inteligente” (Jean Piaget)

“O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas”   (Jean Piaget)

“Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que posso ser”  (Jean Piaget)

“É com a criança que nós temos a melhor chance de estudar o desenvolvimento do conhecimento lógico, do conhecimento matemático, e dai por diante” (Jean Piaget)

“O nosso problema, do ponto de vista da psicologia e do ponto de vista da epistemologia genética, é explicar como é feita a transição de um nível mais baixo de conhecimento para um nível julgado como superior” (Jean Piaget)

 

Vicios e sua função psiquica

Os vícios tem uma função de sustentação psíquica, enquanto não for trabalhado a origem do vicio, não terá eficiência retira-lo, pois possivelmente o sujeito desenvolverá um vicio novo.

A Psicologia dos tiroteios em massa

Depois do horrível tiroteio numa escola, na semana passada, as pessoas parecem estar a fazer as mesmas perguntas: Que tipo de pessoa poderia abrir fogo contra crianças inocentes? Porque tais incidentes continuam a acontecer? E o que podemos fazer para evitar tais crimes?

Nós podemos nunca saber o que estimulou o homem que matou 20 crianças e seis adultos em Newtown, Connecticut, na sexta-feira, e se ele poderia ter sido apanhado. Mas os psicólogos criaram perfis dos atiradores em massa, e muitos temas em comum – até mesmo sinais de alerta – emergem.
“Na maioria dos casos, há uma longa trilha que leva até ao ato de violência”, disse Peter Langman, psicólogo em Allenton, que estudou atiradores em massa. No entanto, apesar de se conhecer uma lista de sinais, dizem os psicólogos, é irritantemente difícil separar o atirador da escola próxima dos milhões de outros estudantes descontentes que podem nunca vir a matar.
“Há certamente um monte de pessoas que têm um monte de coisas erradas, e eles não estão a cometer assassinatos em massa”, disse Maria Muscari, enfermeira forense da Universidade de Binghamton, Nova York, que tem pesquisado assassinos em massa. “Mesmo quando você olha para a doença mental, a maioria das pessoas com doença mental não são violentas”.
Os assassinatos em massa são muitas vezes motivados por vingança ou inveja. É por isso que muitos escolhem escolas ou locais de trabalho onde se sentiam rejeitados, disse Tony Farrenkopf, psicólogo forense em Portland, Oregon, que criou perfis psicológicos dos atiradores em massa. Além disso, os assassinos frequentemente apresentam fatores de risco que são geralmente ligados à criminalidade: uma história de abuso parental, uma tendência a fazer fogueiras ou ferir animais, uma raiva sádica, egocentrismo e falta de compaixão.
“Para a maioria de nós, as crianças são lindas pequenas criaturas que amamos”, disse Farrenkopf. “Então, por que alguém iria matá-las?”. Para matar inocentes criancinhas, é possível que o assassino não tivesse compaixão ou empatia por elas, pelo contrário, via-as como símbolos de algo que ele queria destruir, disse Langman.
Atiradores nas escolas muitas vezes abrigam raiva e delírios paranóicos, têm baixa auto-estima e são geralmente anti-sociais, disse Farrenkopf. Geralmente há um fato gerador – ou um trabalho perdido ou uma briga com a namorada – que faz estalar, disse ele. Eles também tendem a ser obcecados com armas, jogos de vídeo violentos ou filmes.
Em retrospectiva, os investigadores descobrem sinais de alerta, como a tentativa de recrutar um colega ou escrever histórias de ódio, disse Langman. “Em muitos casos, os alunos realmente saem e dizem exactamente o que vão fazer: Vou voltar com uma arma e matar-vos a todos”. A esmagadora maioria dos atiradores em massa são homens, facto que não é surpresa tendo em conta os seus auto-proclamados motivos.
“Essas crianças muitas vezes sentem-se muito impotentes. A maneira através da qual eles podem sentir que são alguém é obter uma arma e matar pessoas”. A nossa cultura e mídia (como filmes violentos e jogos de vídeo) só reforçam a noção de que a humanidade gira em torno do poder, do estatuto social e sexual. A violência é glorificada como uma maneira de obter esse poder.
A sociedade não ensina necessariamente formas construtivas de lidar com a depressão e com a desilusão. E nós damos muito pouco tendo em vista o apoio a pessoas em situação de risco antes de se tornarem violentas, disse Farrenkopf. Cada atirador em massa também tem o potencial de gerar outros, porque outros possíveis atiradores vêem histórias sobre os crimes no jornal, e podem querer imitá-los, acrescentou.
Apesar de se conhecer um perfil bastante consistente, os psicólogos não podem prever quem vai matar. Milhões de pessoas sentem-se insatisfeitas e vingativas, e podem até mesmo não ter empatia, mas a grande maioria nunca mata ninguém, muito menos crianças de 6 anos de idade, disse Langman. E se o fascínio com os meios violentos e armas fosse um preditor, qualquer menino da nona série poderia ser considerado em risco.
Mesmo assim, os psicólogos salientam a importância de prevenir os massacres, antes que eles aconteçam. Um passo nessa direção pode ser ajudar as crianças que sentem o peso do isolamento social, bem como sentimentos de insignificância, independentemente de virem, ou não, a ser atiradores.

PORQUE sentimos tanta RAIVA e REVOLTA pelos OUTROS?

Atiradores têm perfil padrão, mas é o mesmo de muitos outros que não fazem mal a ninguém

N.R. Kleinfield, Russ Buettner, David W. Chen e Nikita Stewart


Eles se transformaram em um dos mais notórios e alarmantes tipos de mal. Pessoas que, quando você olha para trás, pareciam isoladas. Não se vestiam direito. Não se misturavam. Nutriam uma amargura que ardia dentro delas. E então pegaram em armas e saíram matando o máximo de pessoas que puderam. Em seguida, surgem as mesmas perguntas: por que ninguém percebeu? Por que não foram detidas?

Agora, essas mesmas perguntas estão sendo feitas sobre Christopher Harper-Mercer, que por motivos ainda não decifrados, matou nove pessoas na Faculdade Comunitária Umpqua, em Roseburg, Oregon, na quinta-feira. Elas também foram feitas sobre o homem que matou nove pessoas em uma igreja em Charleston, Carolina do Sul, em junho. E sobre o homem que matou seis pessoas em Isla Vista, Califórnia, no ano passado. Sobre o homem que matou uma dúzia de pessoas no Estaleiro da Marinha em Washington, em 2013.

E assim por diante.

O que parece indicador a respeito dos assassinos, entretanto, não é o quanto eles têm em comum, mas o quanto parecem com tantas outras pessoas que não causam mal.

Traçar o perfil de um assassino em massa, usando as características que foram identificadas, podem revelar os contornos gerais de um certo tipo de indivíduo. Mas esses contornos não são distintos o suficiente para poderem ser aplicados a inúmeras outras pessoas –o vizinho recluso com higiene precária que nunca fala– que nunca pegarão em uma arma e sairão matando.

“O grande problema é que o tipo de padrão que os descreve também descreve dezenas de milhares de americanos –até mesmo pessoas que escrevem coisas horríveis no Facebook ou na Internet”, disse James Alan Fox, um criminologista da Universidade do Nordeste que estuda e escreve sobre assassinos em massa. “Não podemos prender todas as pessoas que nos assustam.”

Os assassinatos públicos em massa que atraem intensa atenção pública são um fenômeno que em grande parte não ocorria até duas gerações atrás.

Grant Duwe, um criminologista do Departamento Correcional de Minnesota, estudou mais de 1.300 assassinatos em massa que ocorreram entre 1900 e 2013. Dentre eles, ele classifica 160 como sendo tiroteios públicos em massa, que são definidos como aqueles onde pelo menos quatro pessoas são baleadas e mortas em um período concentrado, excluindo aqueles em ambiente familiar ou envolvendo outros crimes.

Aqueles que estudam esses tipos de assassinos em massa descobriram que eles quase sempre são do sexo masculino (todos, com exceção de dois, dentre os 160 casos estudados por Duwe). Muitos são solteiros, separados ou divorciados. A maioria é branca. Com exceção dos atiradores estudantes que atiram em escolas, eles costumam ser mais velhos do que um assassino típico, com frequência na faixa dos 30 ou 40 anos.

A ideologia deles varia. Geralmente compram suas armas legalmente. Muitos exibiam evidência de doença mental, particularmente aqueles que realizam assassinatos em massa aleatórios. Mas outros não, e a maioria das pessoas com doenças mentais não é violenta.

“Eles são deprimidos”, disse Fox. “Não estão fora de contato com a realidade. Eles não ouvem vozes. Eles não acham que as pessoas em que estão atirando são inferiores.”

“Histórico de frustração”

Eles não se encaixam. Só ficam à vontade na companhia de si mesmos. Segundo Fox, assassinos em massa tendem a ser “pessoas em isolamento social com falta de sistemas de apoio para ajudá-las nos momentos difíceis e a verem a realidade”.

“Elas têm um histórico de frustração”, ele prosseguiu. “Elas externam a culpa. Nada nunca é culpa delas. Elas culpam outras pessoas mesmo que as outras pessoas não sejam culpadas. Elas se veem como boas pessoas maltratadas pelas outras.”

Jeffrey Swanson, um professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade Duke, disse que esses indivíduos com frequência sentem não fazer parte de algo, mas com frequência vivem em “ambientes de cidade pequena onde fazer parte realmente importa”.

Harper-Mercer exibia sinais desse tipo de isolamento e desespero. Como outros, ele parecia encantado por assassinos em massa anteriores. “Eles os veem como heróis”, disse Fox. “Alguém que tem uma vitória em nome daqueles que estão por baixo.”

Elliot O. Rodger, um estudante universitário da Califórnia de 22 anos, não tinha amigos desde a escola primária. As poucas interações que tinha eram online, enquanto jogava o videogame “World of Warcraft”. Muitos assassinos em massa se interessam por videogames violentos, assim como muitos homens jovens em geral, apesar disso poder ser mais um sintoma de seu isolamento do que a causa de sua violência.

Não muito antes de agir, ele postou um vídeo no YouTube. Ele o mostrava sentado à direção de seu BMW, se queixando de seu isolamento, das mulheres que não demonstravam nenhum interesse por ele e sua decepção por ser virgem. Ele também se queixava sobre todos os homens sexualmente ativos que desfrutavam a vida mais do que ele.

“Tudo levou a isto”, disse Rodger no vídeo. “Amanhã é o dia da desforra. O dia em que me vingarei da humanidade. De todos vocês.”

Em 23 de maio de 2014, ele matou três homens a facadas em seu apartamento, então saiu dirigindo e atirou em três outros de seu carro nas ruas movimentadas de Isla Vista. Após duas trocas de tiros com policiais, ele se matou.

Matando certos estranhos

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Muitos dos assassinos acabam mortos. Não é possível perguntar a eles por que mataram.

A maioria dos assassinos em massa, acreditam especialistas, visa pessoas específicas por motivos específicos. Postagens nas redes sociais ou escritos explícitos às vezes revelam a motivação. Um rancor contra o chefe ou colegas de trabalho. Ou quem quer que esteja no local onde trabalhavam, como no caso dos tiroteios em agências dos correios. Suas mulheres e filhos.

Mas às vezes os motivos são claros apenas para eles. Quem sabe a razão, há quase um ano, para Jaylen Ray Fryberg, um popular jogador de futebol americano de 14 anos, ter atirado contra dois primos e três amigos antes de se matar na lanchonete da escola, nos arredores de Seattle. Quatro morreram.

Ele postou mensagens enigmáticas nas redes sociais: “Isso está me matando. (…) De verdade. (…) Sei que parece que estou tentando me livrar. (…) Não estou. (…) Nunca vou conseguir fazer isso”.

Outros assassinos em massa atacam categorias maiores –um grupo religioso, imigrantes ou mulheres. “Eles podem matar estranhos, mas certos tipos de estranhos”, disse Fox.

Em julho, Mohammod Youssuf Abdulazeez, 24 anos, atacou militares americanos, matando cinco em tiroteios contra duas instalações militares em Chattanooga, Tennessee, antes de ser morto a tiros por um policial.

Dylann Roof, um jovem branco de 21 anos que abandonou a escola e foi acusado da autoria do massacre em junho de nove negros na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel, em Charleston, tinha registrado um site onde postou um discurso de quatro páginas sobre sua busca pela supremacia branca.

A variação menos comum, porém mais assustadora, é o assassinato público indiscriminado. Quando as pessoas morrem por estarem por acaso onde o assassino estava. Elas simplesmente entraram no caminho dele.

Quão doentes mentais?

É possível matar dessa forma e ser são?

Com base em sua pesquisa, Fox acredita que no universo dos assassinos em massa, incluindo os assassinos domésticos, ladrões e assaltantes, a doença mental não foi um fator significativo. “A maioria dos envolvidos em massacres familiares não apresenta doença mental séria, mas sim desejo de vingança”, ele disse.

Mas quando se trata de assassinatos aparentemente indiscriminados como os do Oregon, isso é outro assunto. “Nos casos de agressores puramente aleatórios, é onde você encontra pensamento psicótico. Quanto mais indiscriminado, maior a probabilidade de doença mental séria.”

Duwe, entre seus 160 casos de assassinatos públicos em massa, concluiu que 61% apresentavam problemas sérios de saúde mental, “ou pelo menos apresentavam alguns sintomas indicando que possuíam um”. Esquizofrenia paranoide costuma ser o mal mais comum, ele disse, seguido por depressão.

Pesquisa mostra que pessoas com doenças mentais sérias, como esquizofrenia, depressão séria ou transtorno bipolar, apresentam um risco modestamente mais alto de violência. Mas a maioria das pessoas doentes mentais não é violenta.

Swanson, da Duke, disse que estudos indicam que apenas 7% das pessoas diagnosticadas com doenças mentais podem cometer um ato violento em um ano, “e que isso pode ser algo menor, como empurrar alguém”.

No caso de muitos dos assassinos, os sinais são de ira, decepção e solidão.

“Sim, você tem esses fatores, mas como prevenir?” disse Swanson. “Não dá para sair e prender todos os homens jovens furiosos alienados.”

Tradutor: George El Khouri Andolfato

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