Radar

Bom dia Flávia, tudo bem?

Sei que esse assunto poderia ser simplesmente não comentado, mas eu não sossegaria enquanto não me expressasse, então optei por comentar a situação.

Bom..desde o ano passado eu auxilio o Jully nas provas, não em todas, mas sempre que sou solicitado ou que tenho conhecimento que em determinado dia ele esteja precisando. Acho que por ter sofrido muita exclusão social, eu passei a olhar essas situações de uma forma mais empática. Então sempre é um prazer ajuda-lo, ele é um rapaz muito legal e estabelecemos um bom vínculo, ele me reconhece pela minha voz e sempre se lembra dos assuntos que comentamos nas vezes anteriores que conversamos.
Na verdade não acho q nem seja eu que o ajude, mas ele que me ajuda, pois nutro uma admiração muito grande por ele, admiro a garra e a perseverança.

Então na Segunda passada a Ana perguntou quem poderia se voluntariar e eu me ofereci, mas pensei que seria nas matérias dela e um tempo depois a Helen informou que eu não seria escalado pra Terça e Quarta e sim pra Segunda e Sexta. A princípio até pensei que na Segunda seria sua aula, pois lembro que Segunda era o dia que optei por tentar o processo seletivo da monitoria em Psicanálise, mas também imaginei que poderia ser outra sala ou outro professor…mas por preservar nosso sigilo quanto a minha tentativa de aproximação em relação a você e o clima “pós rejeição” que fica meio embaraçoso para ambos, eu não achei que seria legal desmarcar e falar: “Ah Helen, têm como me colocar em outro horário?”; pois eu teria que apontar algum motivo de querer mudar e simplesmente decidi encarar….deixo claro que não tenho nada contra você ou conviver, é mais uma questão de “não parecer que está atrás mesmo”, pois isso não representa a realidade e não quero que tenha uma visão errônea da situação.

Quando cheguei, conversei com um rapaz e ele me informou que seria prova de Psicanálise, então confirmei que seria você mesmo que estaria dando a prova. Confesso que fiquei meio apreensivo com a situação, talvez levemente constrangido…imagina…uma pessoa que já me deu fora e eu no corredor “do nada”, sem avisar, nem nada,  esperando essa pessoa…

Mas enfim…deu tudo certo, não foi constrangedor, talvez um pouco, mas não tanto como imaginei…encarei a situação como 50% de mim gostando de você e 50% “não gostando’ (não é o termo correto, mas não achei o termo correto), então acabou resultando em te vendo apenas como professora mesmo….não que eu queira isso ou te veja assim, mas a situação exigiu isso…eu realmente te vejo como mulher.

Então só queria deixar claro que não foi uma situação provocada ou que eu tinha controle sobre a mesma, simplesmente aconteceu de eu me reencontrar com você. Eu não quero ficar com uma imagem de “estar ficando atrás” , isso não faz muito parte do meu perfil. Desde o início desse mês eu decidi sufocar esse sentimento que nunca foi superficial, pelo contrário, foi e é (digo no presente pq eu estaria mentindo se dissesse que não gosto mais de você) muito forte. Decidi fazer isso por estar machucando, muito…

Nunca te disse nada abertamente, mas como acho que já perdi totalmente as esperanças, acho que dizer ou não dizer tanto faz sobre resultados, mas isso nunca foi uma idealização, eu nas aulas ficava como uma “anteninha” captando tudo e obviamente percebi defeitos e qualidades, não é uma atração cega…talvez por enxergar defeitos e relevá-los que fui vendo cada vez como algo sincero e autêntico.
Nunca te vi “como uma mãe”, pois na verdade eu te acho tão frágil, com um olhar tão carente que na verdade meu intuito sempre foi “cuidar de você”, te fazer bem. Meu sonho é que chegue um tempo que você more a 15 minutos da faculdade e não tenha que voltar tarde, pegar estrada e que eu esteja te esperando em casa ou te buscando e te encha de beijos e durma abraçado a você.

Eu sempre imaginei essas coisas: andar de mãos dadas, dormir abraçado, encher de beijos…nunca foi uma questão de “ah, vou tentar pegar a professora!”, creio que perceba que esse não é meu perfil, além de eu nem ser tão comunicativo pra ficar falando pros outros sobre meus relacionamentos.

Meu único arrependimento nesse tempo todo foi de em algumas vezes apresentar um comportamento um pouco auto sabotador, as vezes comentar coisas que nem precisariam ser comentadas ou criar uma imagem um pouco distorcida, negativa pra inconscientemente ou conscientemente fazer com que você de alguma forma se assustasse. Eu sei que esse comportamento é extremamente nocivo pra mim, mas ao mesmo tempo eu noto que você consegue ver meu lado bom e sabe que ele é superior a qualquer ação ou pensamento temporário negativo.

Quando puder/se ainda tiver, depois olhe naquele papel da mão, que fizemos a dinâmica da última aula do semestre passado, eu fiz 3 ou 4 ou 5 estrelas no “dedo que se põe aliança”, aquilo foi uma brincadeira subliminar, algo como “será que me avaliaram com 3 estrelas?” , eu não lembro se desenhei 3 ou 4 ou 5 estrelas, mas na verdade aquilo foi uma alusão a uma aliança…é lógico que isso é socialmente não aceito…se declarar? Falar que quer algo sério? Aliança? Esse cara tá doido! Mas foi exatamente isso que quis dizer com aquele desenho, que te quero como um vínculo que uma aliança têm …

Colocar lugar

pois se um dia eu voltar atrás, é só mesmo quando eu sair da faculdade.

As vezes também sou voluntário para sair um pouco da minha realidade, sempre que se faz o bem, se dá alguns passos pra fora do inferno. Digo inferno, pq atualmente tento ressignificar minha vida

Eu faço isso pq creio que cada boa ação q eu faça, eu me mantenha distante do mal, da raiva e da revolta, no intuito de chegar aos 90% – 95% em ser uma boa pessoa…não cito 100% pq mente quem se acha 100% bom. Atualmente eu mensuro que eu esteja distante de sentimentos negativos em 60% – 62% , é uma mensuração pessoal. Na verdade eu não sou uma má pessoa, apenas alguns “acidentes de percurso” me deixaram com essa raiva/revolta da sociedade que quase me encaminharam para a ruína. Mas já fazem quase 3 anos que voltei pro convívio social e mês que vêm faz 01 ano que fiz aquele ‘tratamento espiritual” onde desde então não tive mais essas

um pouco “sem humanidade”, em especial no longo período de tempo que fiquei isolado socialmente

01-05-2019